Obviamente, dezenas de acidentes envolvendo principalmente crianças, já marcaram de sangue as paredes dos barracos. Num episódio documentado pela TV local, vê-se um carro da prefeitura -que havia ido até a vila para prestar alguma assistência humanitária-, dar marcha ré desesperadamente pela via principal da vila para não ser esmagado pelo mostro de metal que apitava freneticamente.
Mas por mais estranho que seja para a grande parte da população morar num lugar tão insalubre, as pessoas do local se recusam a sair de onde foram enterrados seus mortos.
Uma dessas pessoas, conhecida como Dona Chepa, viu sua filha Matilde e seu neto serem literalmente partidos no meio depois de terem sido atropelados pelo trem. Ao se preparar para sair de casa, Matilde e seu filho (um bebê colo) ouviram o barulho do trem se aproximando. Não disposta à esperar alguns minutos para atravessar a vila, decidiu sair correndo com a criança no colo. Uma tentativa estúpida que acabou se transformando em tragédia ao tropeçar no pano de chão que estava na porta, fazendo mãe e filho a caírem exatamente no meio o trilho.
Dona Chepa, que estava na cozinha, viu tudo e ficou louca depois do acidente e passou a viver da caridade dos vizinhos. Não tendo pra onde ir e se recusando a ir para qualquer instituição de assistência, a velha anciã que ficara com a saúde física também muito debilitada, acabou por ter o mesmo fim da filha e do neto na linha férrea numa sexta feira noite, durante o verão.
Não se sabe até hoje se foi mais algum infeliz acidente ou se foi suicídio. Mas essa história de morte e tristeza acabou alimentando mais um daqueles casos folclóricos característicos das comunidades mais simples.
Dizem que toda sexta feira à noite, durante o verão, na ponte férrea que fica logo após a ravina, um vulto de uma velha senhora fica sentado cantando uma triste ladainha até a chegada infalível do trem.
(clique na imagem para ampliá-la)
qual o nome do bairro
ResponderExcluirvoce poderia me falar